Em algum
momento da história recente da humanidade, decidiu-se que março seria dedicado
às mulheres. Não se sabe ao certo o porquê dessa escolha, uma vez que existem
muitas versões sobre esse tema.
Valéria Leão, com a irmã, Viviane Faria Vieira, e outras mulheres da família: Lays Bairral, Valéria Bairral e Layla Bairral Jorge Mota |
O que é certo mesmo, de verdade, é que
devemos honrar a memória de todas as mulheres que vieram antes de nós. Graças à
coragem, ao trabalho, à persistência e à sabedoria de todas elas, encontramos
um mundo menos desigual.
Com todo o respeito à Teoria
Criacionista, se Eva veio da costela, imaginem se tivesse vindo de uma outra
"parte mais nobre"? Segundo o Livro de Gênesis, a mulher foi criada
da costela; nem da cabeça, nem dos pés, para que caminhasse ao lado do homem.
Alguma coisa não funcionou muito bem nesse sentido. Desde que o mundo é mundo,
as mulheres sofreram todo o tipo de opressão.
Valéria e o marido Luiz Carlos |
Em um período de trevas da humanidade,
um número inimaginável de mulheres condenadas por bruxaria, foram mortas nas
fogueiras da ignorância. No imaginário popular da época, montadas em vassouras,
elas, as "bruxas", aterrorizavam o mundo, ninguém estava a salvo. A
"maldade feminina" precisava ser contida a qualquer custo.
De 1450 a 1750, para a Igreja Católica
e depois da Reforma religiosa de Martinho Lutero, no século XVI, também para os
protestantes, a bruxaria era uma calamidade intimamente ligada à natureza
feminina. Com exceção de Portugal e Espanha, onde os principais perseguidos
eram cristãos novos e judeus, em quase toda a Europa, a porcentagem de mulheres
excedeu 75% dos casos de perseguição e morte por bruxaria.
As "bruxas" eram,
certamente, em sua maioria, mulheres que ousaram desafiar os padrões sociais da
época; outras tantas deveriam sofrer de alguma doença mental desconhecida pela
medicina, naquele momento, sem falar naquelas que foram vítimas da brutalidade
da maldade humana, pelo simples fato de serem mulheres.
Ao lado da Mãe, Nely Souza Leão, Valéria é só felicidades |
Mulheres de todas as nacionalidades e
etnias, em qualquer lugar do mundo, conhecem as maravilhas e as tormentas da
condição feminina. E, por que não dizer: todas nós, temos as nossas poções
mágicas. Diariamente, misturamos porções imensas de amor com doses generosas de
caridade, empatia, sororidade; ora carinhosamente, ora vigorosamente.
Assim, vamos seguindo nessa jornada.
Somos o esteio de uma sociedade que insiste em ser patriarcal, mas que,
lentamente, vai se transformando e reconhecendo o valor de cada mulher.
Todas nós trazemos no nosso DNA a
força ancestral das nossas mães, avós, e de todas que vieram antes delas. Todas
nós aprendemos, através da tradição oral ou por exemplos de vida, de tudo, um
pouco com elas. Da criação dos filhos às conquistas sociais, são as mulheres
que, em regra, transmitem o conhecimento e o apoio necessários às outras
mulheres.
Outra mulher admirada pela escritora Valéria Leão, é a tia de seu esposo, Luiz Carlos, a Assistente Social, Marysse Bacellar |
Das sufragistas francesas do século
XVIII à professora Celina Guimarães Vianna, que se tornou a primeira mulher a
conquistar o direito ao voto no Brasil, em novembro de 1927, após entrar na
Justiça pleiteando esse direito, muitas outras conquistas devemos à todas que
vieram antes de nós.
Ainda há muito a ser conquistado, e,
por isso, precisamos nos levantar todos os dias com disposição e garra para
vencermos os preconceitos que ainda insistem em permanecer na cabeça e no
comportamento de muitos. Esse é o legado que devemos deixar para as novas
gerações. Não desistir jamais.
Sonho com o dia em que o termo
"empoderamento feminino" constará nos dicionários como uma referência
a um tempo passado, pois já não haverá mais a necessidade de reafirmamos o
óbvio: somos todos, homens e mulheres, iguais em direitos e obrigações.
Nem fadas, nem bruxas, simplesmente
humanas.
Nota da Escritora: por uma feliz
coincidência, o mês de novembro de 1927, além da conquista do primeiro voto
feminino no país, marca a data de nascimento do meu saudoso pai.
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