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quarta-feira, 11 de março de 2020

Viajando com Gustavo Pinheiro: ASSIS, Itália

Assis é uma cidade italiana que pertence à região da Umbria, província de Perúgia. Tornou-se famosa por ter sido o lugar onde nasceu São Francisco e Santa Clara. Ele, fundador da Ordem dos Franciscanos e ela, das Clarissas. Foi lá também que o Papa João Paulo II reuniu grandes líderes de todas as religiões mundiais para um pedido pela paz no ano de 1986 e depois em 2002. Em 1997 a cidade foi atingida por dois terremotos, que varreram várias cidades italianas.
Gustavo na Igreja de São Francisco cuja vista é de tirar o fôlego
Francisco, que na verdade se chamava Giovanni di Pietro (João de Pedro), nasceu em 1181 e morreu em 1226. Em sua biografia ficamos sabendo que o termo ‘francesco’ havia sido cunhado por seu pai, rico comerciante de tecidos, que numa viagem à França, havia trazido finos tecidos com os quais o filho mimado e vaidoso se vestia. Daí, o termo relacionado aos tecidos franceses – francescos. O apelido pegou e João passou a ser conhecido por Francisco.

A cidade fica em uma encosta. De um lado há a Basílica de São Francisco, e seguindo por uma rua em reta direção, dá-se com a Basílica de Santa Clara. De um lado e de outro da via, casas medievais, lojas, restaurantes, tudo envolto em um tempo que parou no século XIII. Há um templo romano, o Templo de Minerva, datado do ano 30 ou 40 a.C. Parada obrigatória para fotos. E também a casa onde moraram os pais de Francisco. Hoje, um museu e uma igreja. As ruas e muros de pedras, os pórticos, as casas semelhantes, as pessoas e seus afazeres carregando nas mãos e no peito o peso dos Santos, da romaria, do modelo e da fé. Tudo emociona. Até os mais céticos.
Rua Principal de Assis
A cidade é pequena. Há uns 3km dali visita-se a igreja onde tudo começou. A Porciúncula – ou a minúscula igreja – onde Francisco diz ter ouvido uma voz pedindo para que ele reconstruísse a igreja, que estava em ruínas – e onde ele viria a morrer; permanece dentro de outra, maior e mais austera. A Basílica foi construída em torno da pequena para protegê-la do tempo. Conseguiu. Passaram-se 8 séculos e podemos visitar o pequeno cômodo de pedra onde o santo viveu, dormindo sobre pedra, pregando na humildade e morrendo na fé. Há um silêncio e uma vibração incomum ao redor. Pessoas orando, olhos vidrados, mãos unidas, torços inclinados, joelhos ao chão. Tudo emociona.
O corpo de Santa Clara
De volta à cidade, há missas em variados horários nas igrejas de Clara e Francisco. Sempre lotadas. Na Basílica de Francisco você pode visitar seu túmulo. Francisco, talvez o maior santo da Igreja Católica, morreu cego e com as chagas de Cristo. Foi a primeira pessoa conhecida na História a ser documentada com as chagas de jesus Cristo. Já no fim da vida não conseguia andar. E olha que ele morreu aos 45 anos! Velho para a época. Na Basílica é possível ver alguns de seus objetos e relíquias. Francisco foi canonizado pelo Papa Gregório IX, apenas dois anos após sua morte. Sua biografia é, talvez, a mais bela da igreja católica. Vale a pena conhecer. Para os mais preguiçosos, assistam ao filme Irmão sol, Irmã lua, sobre a vida dos dois santos. Saber mais, pesquisar sobre aonde vamos, enriquece a viagem e a alma.
O histórico Templo de Minerva
Na Igreja de Santa Clara, tive a sorte de assistir a uma missa. Não é possível tirar fotos enquanto ocorrem as celebrações. É lá que se pode ver o famoso crucifixo de São Damião dependurado por sobre o altar-mor. Na cripta, objetos, roupas e relíquias da Santa amiga do santo. Até cachos de seus cabelos dourados estão lá. Mas, o mais impressionante é poder testemunhar seu corpo ainda incorrupto vestido com o hábito das clarissas, exposto detrás de grades sob uma luz amarela, parecendo esperar por algo.

Em um dia inteiro você visita todos os locais importantes. É possível ir de carro, de trem e de ônibus. Assis é perto de Roma. Dá para fazer facilmente um tremendo bate-volta.
Basílica de São Francisco de Assis
Às vezes me pergunto o que seria do mundo se Adão e Eva não tivessem pecado. E se não houvesse o chamado ‘pecado original’? Talvez, a Bíblia terminasse no capítulo 2 do livro do Gênesis. Sem a transgressão não teriam surgido Abraão, Jacó, Moisés e os lindos salmos de Davi. Não haveria Salvador, não teria ressuscitado Jesus Cristo, nem conheceríamos o exemplo de Francisco. O mundo seria eterno, a bondade seria eterna, e a vida seria uma chatice só. Sem a argila do pecado o plano divino teria sido reduzido à cabana de Adão. Sem o pecado não estaríamos aqui. Ele nos fez únicos e livres. Foi ele que nos humanizou.  Só existe moral porque existe o pecador. Francisco foi o mais próximo do Éden que se pôde chegar. E Assis foi seu paraíso habitado e modificado. Até hoje.

Viajar a Assis transforma. Transformou. Habita. Permanece. E nos faz tentar, bem devagar, viver sem precisar de muito.

Boa Viagem! 



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