A história de
uma mulher de aparência delicada, de jeito meigo, mas com verdadeiro coração de
leoa. Tatiane Oliveira é o exemplo daqueles seres humanos que sonham e tornam os sonhos
realidade. Sem medo de trabalho, sem medo de enfrentar as durezas naturais da
existência humana.
A fantástica bailarina itaocarense Tatiane Oliveira |
Nova
Voz ONLINE
– Vamos começar nosso bate papo de forma diferente do que temos feito com
outras mulheres. É impossível não iniciar, querendo saber como e quando surgiu
seu gosto pela dança?
Tatiane
Oliveira
- Desde pequenina já gostava de dançar. Eu ficava dançando em casa. Qualquer
hora ou espaço era lugar para dançar. Lembro que minhas irmãs, já faziam teatro
com o nosso grande Mestre Kiud. O Kiud sempre me incentivou a dançar. Eu dançava
direto na escola. Estava em todas as festas juninas. Como me divertia.
Nova
Voz ONLINE
– Talento inato.
Tatiane
Oliveira
– Pois é ... risos. Aos 07 anos de idade, o professor Sandro Santana, passou
nas salas do Colégio Estadual Frei Tomás, onde estudava. Ele foi fazer
propaganda das aulas de Jazz. Lembro como se fosse hoje o quanto fiquei doida
para participar. Porém, na época, as aulas eram apenas para associados do
Nacional Esporte Clube.
Nova
Voz ONLINE
– Como você fez?
Tatiane
Oliveira
- Depois de muito insistir, meu pai conseguiu com um dos meus tios o titulo do
clube. Foi assim que nós três começamos a fazer aula de dança. Eu e minhas
irmãs Fábrica e Fabiane. A partir dali não parei nunca. Compreendi o quanto a
dança estava mudando minha vida.
Tatiane com um time de grandes bailarinas |
Nova
Voz ONLINE
– Como assim?
Tatiane
Oliveira
- Eu era uma criança muito tímida. Tinha vergonha de tudo e de todos. Minha
família falava que eu era tipo bicho do mato. Sem esquecer que eu não era nada
boa na parte de coordenação motora. Imagino quem estiver lendo e já me viu
dançar, achando que não é verdade. Pode parecer loucura, mas é a pura verdade.
Nova
Voz ONLINE
– Nós que já tivemos o prazer de vê-la dançar, temos dificuldades para
acreditar (risos).
Tatiane
Oliveira
– Acreditem! Várias vezes ouvi pessoas dizerem que eu não levava jeito para a
dança. Que ali não era meu lugar. Mas não me importei. Sabia o que queria e não
ia deixar as pessoas me impedirem com palavras que me colocavam para baixo.
Hoje é até engraçado, quando recebo as filhas dessas pessoas, para serem minhas
alunas. Recebo delas com grande alegria comentários sobre como mudei, por não
desistir. Repito sempre para minhas alunas: "nunca desistam dos seus sonhos,
pois eles nunca desistirão de você".
Nova
Voz ONLINE
– De que forma desenvolveu o seu talento?
Tatiane
Oliveira
– Apesar dos momentos difíceis, o professor Sandro Santana e o Kiud sempre me
deram força para continuar na dança. Também a professora de ballet, tia Lídia
Brandão. Foi minha primeira professora de ballet. Ser humano excepcional.
Ensinou-me muitas coisas. Deu-me a oportunidade de aprender uma nova modalidade,
a qual, na época, não entendia muito bem. Ela falava comigo que o ballet iria
me ajudar a dançar melhor. Igualmente a Professora Isabela Falcão. Uma menina tão
nova já trabalhando em algo que tanto gostava. Foi ela quem me colocou na ponta.
Dizia sempre do grande potencial que eu tinha. E a Cecília Jannotti, que me deu
todo auxílio para começar a trabalhar com o ballet. Sempre esteve ali para
ajudar.
A Mulher, o
Homem e a Dança
Nova
Voz ONLINE
–A dança desenvolve a graciosidade, ao mesmo tempo a força. Ou seja, faz
emergir a natureza essencial da mulher?
Tatiane
Oliveira
- A dança completa o nosso lado feminino, nos ensina a lidar com os nossos
sentimentos. Sempre digo para minhas alunas: nós, mulheres, temos hormônios a
flor da pele. Às vezes não conseguimos lidar com eles. A dança nos acalma.
Nova
Voz ONLINE
– Em regra, percebe nas suas alunas, com o passar do tempo, que elas superam
barreiras, como a inibição, e terminam aprendendo, com a dança a melhor se
relacionar no meio onde vivem?
Tatiane
Oliveira
- O tempo é um grande professor. Vejo a evolução, não só na dança, mas também
na vida delas. Noto o quanto se tornam fortes e confiantes, melhorando nos
relacionamentos. Com certeza a dança ensina a viver e sobreviver na selva da
vida.
A dança é das mais nobres artes |
Nova
Voz ONLINE
– Homens que vencem tolos preconceitos sociais e aprendem a dançar, criam maior
compreensão sobre o universo feminino sem perder a masculinidade?
Tatiane
Oliveira
- Como disse, tive um mestre que tudo me ensinou, homem. Também dancei com bailarinos
homens e conheci outros professores homens. Nenhum deles perdeu a masculinidade.
As pessoas de pouco entendimento confundem a educação e o respeito que
aprendemos com a dança, com ser homossexual. Esquecem que mesmo em esportes
violentos, como UFC, há homens e mulheres homossexuais. Dançar não tem nenhuma
relação com heterossexualíssimo e homossexualismo. Isso é só estigma social.
Nova
Voz ONLINE
– É só outro preconceito?
Tatiane
Oliveira
– Somente isso. Quem tem coragem realmente, vence todo preconceito para fazer
algo que gosta e o deixa feliz. Os dançarinos são homens de verdade. Alias
terminam sendo homens excepcionais. Desenvolvem a capacidade de compreender
melhor as mulheres. O meu relacionamento amoroso começou na dança. Dançando ele
foi me encantando. Nós, mulheres, quando somos tratadas com o respeito e a
atenção que merecemos, gostamos. Homens que dançam são homens diferenciados. São
educados e respeitadores com o próximo.
Tatiane, Sua Mãe e Irmãs
Nova
Voz ONLINE
- Vamos falar de mulheres importantes em sua vida. Sua mãe e irmãs? O que nos
contaria sobre elas, que te faz admirá-las enquanto mulheres?
Tatiane
Oliveira –
Minha Mãe é uma pessoa muito forte, que lutou e luta todos os dias. Teve uma
vida muito difícil na infância. Ela teve um derrame e por bom tempo ficou na
cama, com um lado do corpo paralisado, com dificuldade na sua fala. PORÉM NUNCA
DESISTIU. Levantava todos os dias e tentava fazer as coisas que gosta de fazer.
A vantagem de ter uma personalidade forte e teimosa. Alias, é dela que vêm
minhas teimosias (risos).
Tati com as irmãs, sobrinha, a mãe e o Pai Manoel |
Nova
Voz ONLINE
– Que relato bacana Tatiane.
Tatiane
Oliveira
– E Minhas irmãs lindas, Fabrícia e Fabiane. A Fabrícia possui o coração de uma
lutadora. É mãe de uma menina linda. Uma verdadeira artista. A Fabrícia sempre
correu atrás dos seus sonhos. Foi embora para o Rio de Janeiro e conseguiu cursar
a faculdade de Artes Cênicas na Unirio. E a Fabiane é outra pessoa de coração
grande. Sempre sorridente, também veio do mundo das artes. Aluna do nosso
eterno Mestre querido, Kiud. Fez dança. Para quem não sabe, a Fabiane chegou a
concorre a loira do Tchan. Hoje é uma mãe lutadora, guerreira e trabalhadeira.
Mulher admirável.
Aplausos de pé para Tatiane Oliveira |
Nova
Voz ONLINE
– Temos o privilégio de ver seu desenvolvimento como ser humano. A linda
menina, que se tornou uma mulher graciosa e, ao mesmo tempo, empreende numa
área difícil, que é o universo da dança, numa cidade do interior do Estado. O
que diria para as mulheres que tem algum sonho, nesse mês de março?
Tatiane
Oliveira
- Não desistam dos seus sonhos! Todas nós, mulheres, temos uma força
inexplicável. Permita que essa força te domine. Lute e lembre sempre que nas
derrotas, é quando mais aprendemos. Busque o melhor de si. Seja mais você, seja
mulher. Beijo grande pra todas.
Todo respeito ao sobrenome OLIVEIRA mas Tatiane pra mim é CREMONEZ...kkkk inevitável não lembrar dela, pequenininha, no bar do pai, nosso amigo Manoel Cremonez.... Parabéns pela reportagem, Thompson! Parabéns pela carreira, Tatiane!! beijos...
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