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terça-feira, 10 de março de 2020

No Mês da Mulher a Graciosidade e a Força da Bailarina Tatiane Oliveira

A história de uma mulher de aparência delicada, de jeito meigo, mas com verdadeiro coração de leoa. Tatiane Oliveira é o exemplo daqueles seres humanos que sonham e tornam os sonhos realidade. Sem medo de trabalho, sem medo de enfrentar as durezas naturais da existência humana.
A fantástica bailarina itaocarense Tatiane Oliveira
Nova Voz ONLINE – Vamos começar nosso bate papo de forma diferente do que temos feito com outras mulheres. É impossível não iniciar, querendo saber como e quando surgiu seu gosto pela dança?
Tatiane Oliveira - Desde pequenina já gostava de dançar. Eu ficava dançando em casa. Qualquer hora ou espaço era lugar para dançar. Lembro que minhas irmãs, já faziam teatro com o nosso grande Mestre Kiud. O Kiud sempre me incentivou a dançar. Eu dançava direto na escola. Estava em todas as festas juninas. Como me divertia.

Nova Voz ONLINE – Talento inato.
Tatiane Oliveira – Pois é ... risos. Aos 07 anos de idade, o professor Sandro Santana, passou nas salas do Colégio Estadual Frei Tomás, onde estudava. Ele foi fazer propaganda das aulas de Jazz. Lembro como se fosse hoje o quanto fiquei doida para participar. Porém, na época, as aulas eram apenas para associados do Nacional Esporte Clube.

Nova Voz ONLINE – Como você fez?
Tatiane Oliveira - Depois de muito insistir, meu pai conseguiu com um dos meus tios o titulo do clube. Foi assim que nós três começamos a fazer aula de dança. Eu e minhas irmãs Fábrica e Fabiane. A partir dali não parei nunca. Compreendi o quanto a dança estava mudando minha vida.
Tatiane com um time de grandes bailarinas
Nova Voz ONLINE – Como assim?
Tatiane Oliveira - Eu era uma criança muito tímida. Tinha vergonha de tudo e de todos. Minha família falava que eu era tipo bicho do mato. Sem esquecer que eu não era nada boa na parte de coordenação motora. Imagino quem estiver lendo e já me viu dançar, achando que não é verdade. Pode parecer loucura, mas é a pura verdade.

Nova Voz ONLINE – Nós que já tivemos o prazer de vê-la dançar, temos dificuldades para acreditar (risos).
Tatiane Oliveira – Acreditem! Várias vezes ouvi pessoas dizerem que eu não levava jeito para a dança. Que ali não era meu lugar. Mas não me importei. Sabia o que queria e não ia deixar as pessoas me impedirem com palavras que me colocavam para baixo. Hoje é até engraçado, quando recebo as filhas dessas pessoas, para serem minhas alunas. Recebo delas com grande alegria comentários sobre como mudei, por não desistir. Repito sempre para minhas alunas: "nunca desistam dos seus sonhos, pois eles nunca desistirão de você".

Nova Voz ONLINE – De que forma desenvolveu o seu talento?
Tatiane Oliveira – Apesar dos momentos difíceis, o professor Sandro Santana e o Kiud sempre me deram força para continuar na dança. Também a professora de ballet, tia Lídia Brandão. Foi minha primeira professora de ballet. Ser humano excepcional. Ensinou-me muitas coisas. Deu-me a oportunidade de aprender uma nova modalidade, a qual, na época, não entendia muito bem. Ela falava comigo que o ballet iria me ajudar a dançar melhor. Igualmente a Professora Isabela Falcão. Uma menina tão nova já trabalhando em algo que tanto gostava. Foi ela quem me colocou na ponta. Dizia sempre do grande potencial que eu tinha. E a Cecília Jannotti, que me deu todo auxílio para começar a trabalhar com o ballet. Sempre esteve ali para ajudar.

A Mulher, o Homem e a Dança

Nova Voz ONLINE –A dança desenvolve a graciosidade, ao mesmo tempo a força. Ou seja, faz emergir a natureza essencial da mulher?
Tatiane Oliveira - A dança completa o nosso lado feminino, nos ensina a lidar com os nossos sentimentos. Sempre digo para minhas alunas: nós, mulheres, temos hormônios a flor da pele. Às vezes não conseguimos lidar com eles. A dança nos acalma.

Nova Voz ONLINE – Em regra, percebe nas suas alunas, com o passar do tempo, que elas superam barreiras, como a inibição, e terminam aprendendo, com a dança a melhor se relacionar no meio onde vivem?
Tatiane Oliveira - O tempo é um grande professor. Vejo a evolução, não só na dança, mas também na vida delas. Noto o quanto se tornam fortes e confiantes, melhorando nos relacionamentos. Com certeza a dança ensina a viver e sobreviver na selva da vida.
A dança é das mais nobres artes
Nova Voz ONLINE – Homens que vencem tolos preconceitos sociais e aprendem a dançar, criam maior compreensão sobre o universo feminino sem perder a masculinidade?
Tatiane Oliveira - Como disse, tive um mestre que tudo me ensinou, homem. Também dancei com bailarinos homens e conheci outros professores homens. Nenhum deles perdeu a masculinidade. As pessoas de pouco entendimento confundem a educação e o respeito que aprendemos com a dança, com ser homossexual. Esquecem que mesmo em esportes violentos, como UFC, há homens e mulheres homossexuais. Dançar não tem nenhuma relação com heterossexualíssimo e homossexualismo. Isso é só estigma social.

Nova Voz ONLINE – É só outro preconceito?
Tatiane Oliveira – Somente isso. Quem tem coragem realmente, vence todo preconceito para fazer algo que gosta e o deixa feliz. Os dançarinos são homens de verdade. Alias terminam sendo homens excepcionais. Desenvolvem a capacidade de compreender melhor as mulheres. O meu relacionamento amoroso começou na dança. Dançando ele foi me encantando. Nós, mulheres, quando somos tratadas com o respeito e a atenção que merecemos, gostamos. Homens que dançam são homens diferenciados. São educados e respeitadores com o próximo.

Tatiane, Sua Mãe e Irmãs

Nova Voz ONLINE - Vamos falar de mulheres importantes em sua vida. Sua mãe e irmãs? O que nos contaria sobre elas, que te faz admirá-las enquanto mulheres?
Tatiane Oliveira – Minha Mãe é uma pessoa muito forte, que lutou e luta todos os dias. Teve uma vida muito difícil na infância. Ela teve um derrame e por bom tempo ficou na cama, com um lado do corpo paralisado, com dificuldade na sua fala. PORÉM NUNCA DESISTIU. Levantava todos os dias e tentava fazer as coisas que gosta de fazer. A vantagem de ter uma personalidade forte e teimosa. Alias, é dela que vêm minhas teimosias (risos).
Tati com as irmãs, sobrinha, a mãe e o Pai Manoel
Nova Voz ONLINE – Que relato bacana Tatiane.
Tatiane Oliveira – E Minhas irmãs lindas, Fabrícia e Fabiane. A Fabrícia possui o coração de uma lutadora. É mãe de uma menina linda. Uma verdadeira artista. A Fabrícia sempre correu atrás dos seus sonhos. Foi embora para o Rio de Janeiro e conseguiu cursar a faculdade de Artes Cênicas na Unirio. E a Fabiane é outra pessoa de coração grande. Sempre sorridente, também veio do mundo das artes. Aluna do nosso eterno Mestre querido, Kiud. Fez dança. Para quem não sabe, a Fabiane chegou a concorre a loira do Tchan. Hoje é uma mãe lutadora, guerreira e trabalhadeira. Mulher admirável.
Aplausos de pé para Tatiane Oliveira
Nova Voz ONLINE – Temos o privilégio de ver seu desenvolvimento como ser humano. A linda menina, que se tornou uma mulher graciosa e, ao mesmo tempo, empreende numa área difícil, que é o universo da dança, numa cidade do interior do Estado. O que diria para as mulheres que tem algum sonho, nesse mês de março?
Tatiane Oliveira - Não desistam dos seus sonhos! Todas nós, mulheres, temos uma força inexplicável. Permita que essa força te domine. Lute e lembre sempre que nas derrotas, é quando mais aprendemos. Busque o melhor de si. Seja mais você, seja mulher. Beijo grande pra todas.
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1 comentários:

  1. Todo respeito ao sobrenome OLIVEIRA mas Tatiane pra mim é CREMONEZ...kkkk inevitável não lembrar dela, pequenininha, no bar do pai, nosso amigo Manoel Cremonez.... Parabéns pela reportagem, Thompson! Parabéns pela carreira, Tatiane!! beijos...

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