-->

terça-feira, 9 de março de 2021

Ana Paula Gallart: Muito além do Oitavo Dia de Março

Muitos ainda consideram esta data, apenas uma data em homenagem às mulheres. Porém, diferentemente de outras datas comemorativas, ela não foi criada com fins comerciais. O dia 08 de março tem raízes históricas mais profundas.

Ana Paula Gallart e seu filhão Vicente

Em 1975, a Organização das Nações Unidas oficializou a data como o Dia Internacional da Mulher. Atualmente, é usada para reivindicar igualdade de gênero, com protestos ao redor do mundo, aproximando-a de sua origem na luta das mulheres que trabalhavam em fábricas nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, no início do século XX.

De lá pra cá, vários avanços foram conquistados, no âmbito profissional, na política e no cotidiano. Mulheres vêm cada vez mais ocupando papéis de destaque na sociedade. Mas como estudante e militante do direito, não poderia deixar passar talvez a maior luta da mulher no século XXI. A luta pelo direito de não sofrer violência, seja ela por conta da hierarquia familiar, ou tão somente por sua condição de ser mulher.

Pedalar sua bike, faz bem pro corpo e pra mente de Ana Paula

E quando falamos em violência, não ficamos adstritos à violência física. A construção desigual do lugar da mulher e do homem na sociedade gerou modelos estruturais da mulher como propriedade do homem, o que nos leva as causas do alto índice de violência praticados contra a mulher, ainda hoje.

Apesar de olhares voltados à proteção da mulher como as famosas leis Maria da Penha; do Feminicídio; ou Carolina Dieckmann, por exemplo; muito ainda se há de lutar para a efetiva proteção e dizimação dos inúmeros crimes cometidos hoje, covardemente, contra a mulher e abrandados aos olhos da sociedade.

Ana Paula defende políticas públicas de proteção a mulher

Por mais que esteja inserida no cotidiano, tal violência não pode jamais ser vista, principalmente por nos mulheres, como fruto de um infortúnio ou de uma má escolha. Ela tem bases socioculturais mais profundas. Mulheres que rompem a barreira do silêncio e resolvem denunciar sentem com muito mais força a reação dessa estrutura pautada na desigualdade de gênero no desencorajamento e na própria suspeita lançada contra a vítima, em detrimento à culpa do agressor.

Essa inversão da culpa ainda é um grande fator que leva as mulheres a não denunciarem a violência sofrida. Devemos ter em mente que situações cotidianas como sofrer assédio, ter o comportamento vigiado e controlado, ser alvo de ciúmes excessivo, e reprimir a própria sexualidade, são sintomas e não causas de violências mais graves como estupro e feminicídio.

Ana Paula com algumas amigas queridas

Em Itaocara, como em todo o resto do pais, esses índices são altos. Na Comarca local, não ficamos 2 ou 3 dias sem receber pedido de medida protetiva, o que nos revela um índice altíssimo em relação à realidade habitacional do município. Apesar da previsão legal, ainda não existem políticas públicas eficazes para atender essas mulheres. As já existentes são apenas embrionárias e ainda será necessária muita adaptação.

Nossa luta por um cenário diferente deve ser diária. Deve abranger nossas redes, nossa postura frente ao nosso grupo social, e, principalmente, nossas casas. Sem querer, esse modelo denominado “machista” se reproduz no nosso lar na famosa frase que nós mesmas nos empenhamos em repetir à nossos filhos: “quando seu pai chegar em casa ele saberá disso!”; “Isso vou deixar por conta de seu pai”. Por que?? Porque é homem que fala mais alto?? Porque é o chefe???

Mães!!! Mulheres!!! E até pais. Não ensinem suas meninas a obedecerem apenas à figura paterna por medo ou receio. Elas devem obediência aos pais, não à voz forte e masculina. Assim como não ensinem aos seus filhos homens que “quem manda no galinheiro é o galo”. A família deve ser construída com base no respeito e amor e os filhos criados sob obediência aos pais, contudo, sem distinção de gênero, a fim de se evitar a produção de tal estereótipo, de geração em geração.

Com as irmãs, Karen e Ketila, curtindo antes da Pandemia

Precisamos de políticas públicas e organismos de proteção à mulher no presente. Mas não deveríamos precisar delas no futuro. A mulher necessita – cada vez mais urgente – de perceber seu lugar na vida. Em todos os ambientes em que está inserida: em casa, no trabalho, na roda de amigas, no salão de cabeleireiro, no simples movimento de ir à farmácia comprar um remédio, em todos os momentos em que deve ser exatamente uma mulher que reconhece seus méritos e não aceita viver nos tempos da nossa avó, onde o homem era o “dono da casa”.

E mais ainda: a mulher precisa lembrar que os direitos ora conquistados são essenciais, mas não são completamente efetivos, uma vez que, por trás das portas de muitas casas, o patriarcado ainda existe fortemente. Tais direitos são necessários, mas há de se lembrar sua fragilidade nessa sociedade tão desigual.

Que a cada dia, não somente nesse referenciado 08 de março, a mulher entenda e lute por si e pelas demais mulheres, para que as conquistas atuais sejam apenas um marco do que precisa estar por vir, que são o direito e o respeito de fato para esse sexo nada frágil. A luta é diária!!!


Share:

6 comentários:

  1. Falou tudo! Precisamos de mais pensamentos assim. E pra ontem! Parabéns pelo lindo e profundo texto!!

    ResponderExcluir
  2. Parabéns Ana Paula pelo belíssimo texto! Não esperava menos vindo de você! Amiga excepcional!

    ResponderExcluir
  3. Parabens pelo texto!!! Excelente reflexão!!!! 👏👏👏

    ResponderExcluir

Carlinhos Barrias - Bar dos Amigos

 


PARCEIRO


Studio Fênix - Visite


Itaocara Seguros

Core Contabilidade



Postagens mais visitadas

Arquivo do blog

Referências

Unordered List

Support