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sábado, 3 de agosto de 2019

Três Brasileiros em Berlim: um pouco sobre a vida da família composta por Vanderson, Ana Luíza e Arthur na Alemanha

Nós já fizemos, no final do ano passado, um bate papo com a Advogada de Campos dos Goytacazes, Ana Luíza Policani Freitas, que deixou o Brasil e foi morar na Alemanha, junto com o marido Vanderson e o filho Arthur. Trazemos hoje aos leitores, uma atualização, contando como foram estes primeiros oito meses de vida no país teutônico.
Vanderson, Arthur e Ana Luíza: uma família brasileira em Berlim
Nova Voz On Line – O que dá para dizer destes primeiros oito meses de Alemanha?
Vanderson - Os primeiros meses são bem desafiadores, principalmente para arranjar um apartamento. O mercado imobiliário é bem competitivo, onde você precisa ser selecionado para poder alugar um imóvel. Já visitamos apartamentos onde tinham mais 10 pessoas disputando.
Ana Luíza - A escola para o Arthur também deu trabalho, pois o processo é burocrático. Tivemos que ser “chatos” para a matrícula sair.

Nova Voz On Line – Todos estão bem adaptados?
Vanderson - Achamos que sim, pelo menos em Berlim. A cidade é muito internacional, então às vezes fica meio difícil dizer o que é típico da Alemanha, no geral, e o que é particularidade da cidade.
Ana Luíza – Organização, pontualidade, limpeza urbana, são coisas realmente que saltam aos olhos, quando chegamos de um país como o Brasil. Bem diferente da nossa realidade. E não é crítica depreciativa. Mas há uma enorme diferença cultural.
A imersão na história e na cultura alemã faz parte da rotina. Ao fundo Palácio construído por Frederico III, Kaiser da Prússia, para sua amada esposa Sophie Charlotte
Nova Voz On Line – Nestes primeiros meses, o que foi ou o que está sendo mais desafiador, na vida de vocês, ai na Alemanha?
Vanderson - Com certeza encontrar um apartamento definitivo. Procuramos por dois meses e todo o processo foi bem cansativo.
Ana Luíza – E isto não é por sermos brasileiros. O mercado imobiliário de Berlim vive uma fase de grande demanda, gerando preços altos e uma série de dificuldades. Mas conseguimos. Vencemos! E isto é o mais importante, no final das contas.

Nova Voz On Line – TODOS se comunicam em Alemão? Como é ir ao Supermercado, na Farmácia, enfim ...
Vanderson - Nos comunicamos num nível básico. As coisas do dia a dia são bem tranquilas.
Ana Luíza - Para interações mais complexas, como falar com o médico, apenas o Arthur, nosso filho, consegue. Ele estudou alemão, talvez pela idade e inteligência, claro, aprendeu bem rápido. Nós, eu e o Vanderson, temos que trocar para o inglês, por enquanto. Vamos chegar lá também (risos).
A arquitetura dos palácios são deslumbrantes
Nova Voz On Line – E o Arthur? Como está sendo esse tempo para ele? Conseguiu fazer amizades?
Ana Luíza / Vanderson – Vamos deixar o próprio Arthur responder.
Arthur – Aqui é Muito legal. Consegui fazer amigos italianos, russos, sírios e brasileiros. Muito tranquilo. Sinto-me feliz e integrado.

Nova Voz On Line – Como é trabalhar na Alemanha? O modo, o método, a rotina, são diferentes aqui do Brasil?
Vanderson - Não teve processo de colonização por aqui. Isto faz as relações de trabalho serem mais igualitárias. Você não percebe o ranço de “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”, que é muito presente ao se trabalhar no Brasil, principalmente em empregos mais simples. A rotina de trabalho tende sempre a ser bem ordeira, onde raramente pessoas fazem hora extra. Minha chefe já chegou a falar: “Tá fazendo o que aqui ainda? Seu horário já acabou. Vai pra casa”. Isso é impensável no Brasil. Em empresas mais tradicionais, é inclusive esperado que você se aposente trabalhando lá por sua vida toda, sem ficar pulando de galho em galho.
Ana Luíza - Eu trabalho com Home-office. Sou autônoma. Então é mais difícil dar uma opinião. Mas vejo as situações que o Vanderson passa. Noto que a diferença nas relações de trabalho são bem grandes em relação ao que é “normal” no Brasil. Outro ponto que é uma goleada de 7 a 1 para os Alemães.

Nova Voz On Line – Assisti a um vídeo de uma brazuca que mora na Alemanha, fazendo algumas ponderações sobre o sistema de saúde. Ela diz, por exemplo, que gripe, mesmo com febre, não recebe prescrição de medicamentos, como antibióticos, o que é comum aqui no Brasil. Também reclamou da longa espera no atendimento público, afirmando que pode demorar meses para uma consulta. Tiveram alguma experiência, neste sentido?
Ana Luíza - Não tive experiência com emergência para internação, mas já fui numa emergência pediátrica e levei meia hora pra ser atendida. A médica receitou chá de sálvia. Aqui é bem difícil receitarem remédio, apenas em último caso mesmo. Não vi problemas até então.

Nova Voz On Line – O Brasil tem alguma repercussão na mídia Alemã? Se tiver, o que saiu nos jornais alemães, sobre nosso país, que destacam, neste tempo que estão morando por ai?
Ana Luíza – Bastante repercussão ultimamente. Sei que alguns leitores não vão gostar, mas algo que nos perguntam bastante é sobre como o atual Presidente chegou ao poder? E como a extrema direita cresceu tanto num país miscigenado? Eles lembram bastante da época do nazismo, e conseguem ver as semelhanças do que está acontecendo no Brasil atualmente.
Vanderson – De forma geral, na Alemanha, ideias e atitudes ligadas ao nazismo são repudiadas pela população. Por isto o espanto deles, em relação ao Brasil atual.

Nova Voz On Line – O que viram de Berlim, que mais lhe encantaram?
Ana Luíza - O transporte público funciona de forma eficiente, o poder de compra maior do trabalhador alemão e a tranquilidade. É uma cidade muito boa principalmente para quem têm filhos, com muitos parques e onde se pode andar com tranquilidade.
Vanderson – A qualidade de vida é superior. Berlim é muito mais segura, por exemplo, do que Campos dos Goytacazes, apesar de Berlim ter Três Milhões e Quinhentos Mil Habitantes e Campos ter quinhentos mil habitantes. A pessoa comum, o cidadão, caminha tranquilo, mesmo tarde da noite ou de madrugada.

Nova Voz On Line – Sei que é pouco tempo, mas o que cada um diria, sobre morar na Alemanha? Está valendo a pena?
Ambos - Sim, bastante!
Ana Luíza - Por mais que tenhamos passado as dificuldades iniciais com a procura do apartamento definitivo, vale muito a pena. Ver o Arthur estudar numa escola bilíngue, pública e com ensino de alta qualidade, não tem preço.
Vanderson – Estou adorando viver aqui. A questão da integração entre os povos é bem visível em Berlin, desde projetos de capacitação e ensino da língua para refugiados e demais estrangeiros. Isso é visível até nas escolas do ensino fundamental. O povo alemão hoje, em geral, repudia discriminação. Ontem o país que foi palco de atrocidades contra a humanidade, hoje amadureceu e prioriza o respeito e a dignidade do ser humano.
Arthur – Estou adorando a escola, o bairro, a casa, os amigos. Gostando muito de viver na Alemanha.

Leia também: entrevista Publicada no dia 9 de Dezembro de 2018
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