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domingo, 30 de maio de 2021

Ronald Thompson: "O Animal Humano, Coronavírus, Nietzsche, Chaplin e Dom Quixote de La Mancha"

Quando toda essa história do coronavírus começou, minha irmã, Cristiane, acreditava que um sofrimento comum, iria tornar as pessoas mais unidas e solidárias. Vejo essa crença, como bem razoável. O problema é o fator humano.

Muitas vezes esquecemos que somos um tipo de animal. E quando digo que somos um tipo de animal, quero dizer que estamos classificados no reino animália. Somos primatas. Estamos no mesmo tronco evolucionário dos gorilas, dos bonobos, dos orangotangos, dos chipanzés. E essa não é minha opinião. É uma verdade científica.

A Drogaria 4 Esquinas está de plantão
Neste momento do coronavírus nossa natureza surgiu com toda força. Por curiosa coincidência, em várias partes do mundo (no Brasil, inclusive), líderes políticos, com aquele jeito de “Macho Alfa”, estão governando. E é algo tão instintivo (animalesco) que ouvir ou ler uma divergência, já nos desperta a vontade de “enfiar a porrada”. Não é mesmo?

Árvore Filogenética

Nietzsche acreditava que nossa natureza era a barbárie. Poderíamos desenvolver a técnica (tecnologia), mas mesmo com o passar dos anos, era a força e a selvageria, que nos fazia crescer. Machiavel escreveu que o Príncipe (governante) poderia ser amado ou temido. Se tivesse chance de escolher, melhor ser temido (os chipanzés lideram exatamente desta forma).

No Brasil e no Mundo, há gente que grita, movimenta tropas, ameaça a democracia, põe todos em constante agitação, de propósito, para serem percebidos como Machos Alfas.

É mera ficção? Ou não?

Se você fizer uma consideração sobre Direitos Humanos, pronto. “Boboca, cheio de MIMIMI”. Ou seja, a bondade é sinônimo de fraqueza.

Miguel de Cervantes

Eu sou um tolo. A começar por preferir Kant a Nietzsche. Este outro Alemão, dizia que a arte, a literatura, a música, fazia despertar nos seres humanos sua verdadeira natureza: a bondade.

Muitos ao lerem isto devem pensar: “que baboseira”. Não me importo. Sou do time dos tolos.

Miguel de Cervantes, no início do século XVII, escreveu uma das mais importantes obras da literatura em todos os tempos: Dom Quixote de La Mancha. 

E qual o porquê desta importância? Justamente por ser tola. Ou seja, acreditar na natureza bondosa dos seres humanos.

Alonso Quijano, num surto de loucura (vivas aos loucos, são muito mais interessantes do que os homens de boa moral e bons costumes), veste uma armadura, sobe num cavalo pangaré e incorpora Dom Quixote de La Mancha.

Este, um homem com coragem para enfrentar todas as crenças de sua época. Lutar contra “gigantes” (que só existiam em sua imaginação - eram moinhos de vento), para salvar sua amada, a divina Dulcinéia (uma camponesa feia - a descrição é de Cervantes) que ele via como a princesa mais bela do mundo.

Vários pensadores contemporâneos, estes tipos tolos, que acreditam que os Direitos Humanos possuem grande valor, consideram Dom Quixote o símbolo da luta de cada indivíduo, pela manifestação dos sentimentos mais nobres que possuem.

Ou seja, quando somos bons, mesmo com palavras e pequenos gestos, estamos sendo quixotescos. Contrapondo-nos ao cinismo e a lógica do Macho Alfa.

Já no século XX, Charles Chaplin começa seu discurso, no filme O GRANDE DITADOR, com estas palavras:

Me desculpem, mas eu não quero ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não quero governar ou conquistar ninguém. Gostaria de ajudar a todos — se possível — judeus, não judeus, negros e brancos.

Puro MIMIMI? Se for, QUE BOM!!!

Certamente, Charles Chaplin, está no time dos tolos, dos Quixotescos.

Mas não se irrite ainda. Fica pior. Ele escreveu:

Todos nós queremos ajudar uns aos outros. O ser humano é assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo — não para seu sofrimento. Não queremos odiar e desprezar uns aos outros. Neste mundo há lugar para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover todas as nossas necessidades.

- O estilo de vida poderia ser livre e belo, mas nós perdemos o caminho. A ganância envenenou a alma do homem, criou uma barreira de ódio e nos guiou no caminho de assassinato e sofrimento. Desenvolvemos a velocidade, mas nos fechamos em nós mesmos. A máquina, que produz abundância, nos deixou em necessidade. Nosso conhecimento nos fez cínicos; nossa inteligência nos fez cruéis e severos.

- Pensamos demais e sentimos muito pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de gentileza e bondade. Sem essas virtudes, a vida será violenta e tudo será perdido.

Eu, como sou do time dos tolos, comungo com o que escreveu. Na verdade, não vejo esperança para raça humana, se continuar incapaz de compreender que só pode haver um futuro promissor, se todos estiverem incluídos. E neste momento, eu diria que estamos mais para o fim, como espécie, do que para a continuidade.

Fundamental entendermos que nacionalidades são valores importantes, enquanto identidades culturais. Mas não devemos nos opor, por questões políticas.

Quem vai dominar o mundo, se existem bombas atômicas?

Imagine: se o país que estiver perdendo (seja qual for) não vai preferir detonar todo o planeta, a ser derrotado?

Proteger o meio ambiente é outra coisa fundamental. Como é possível ter pessoas achando que é MIMIMI discursar sobre a importância da preservação ambiental?

Não se respira petróleo, nem dólares ou euros. E não! Eu não sou comunista. Se fosse, eu diria. Tenho 55 anos. Não ligo mais para o que pensam sobre mim. Eu sou o que sou.

Defendo o livre mercado, por defender todas as liberdades. Abomino qualquer autoritarismo. Pinochet e Fidel Castro são filhos da puta. E a ditadura militar no Brasil, é tão vagabunda, quanto eram as ditaduras comunistas nos países do leste da Europa, até a queda do muro de Berlim.

Pendure essas palavras no seu coração

Não é pelos extremos que vamos continuar. Mas, para continuar, o mais fundamental é que cada um de nós abandone crenças absolutas, aprendendo que o mundo é multicultural.

Não há uma única religião que deve ser praticada por todos os seres humanos, assim como não há uma sexualidade certa e outra errada. Estas são decisões de pessoa a pessoa. E ninguém tem o direito de impor seus valores. Os que assim o fazem, são as bestas dos machos alfas.

Nós, somos bem maiores. Somos seres humanos: “nenhum homem é uma ilha, completo em si próprio; cada ser humano é uma parte do continente, uma parte de um todo” – frase do novelista John Donne.

Como tolo e quixotesco, continuarei esperando que aprendamos a conviver uns com os outros, independente das crenças, da nacionalidade, da sexualidade e de qualquer fator individual.

Entendamos que nossas diferenças nos enriquecem. Exemplos históricos não nos faltam. Quão mais pobre seria a Espanha, sem a ocupação dos mouros durante séculos?

A tecnologia nos aproximou. Não tenhamos medo desta aproximação. Pelo contrário. Vamos aprender com os que são diferentes. Isto nos enriquece enquanto espécie.

Vamos viver juntos e em paz.





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