Essa tal mulher
do século XXI, a mulher moderna, ocupada, forte, resistente e sobrecarregada.
Daniela numa imagem quando grávida nas margens do Paraíba |
Romantizamos a sobrecarga da mulher e isto precisa ser revisto para ser transformado. Dizer que a mulher é guerreira pode parecer elogio, mas na verdade, é apenas mais uma romantização do nosso cansaço.
Sempre quando penso em uma mulher que precisa dar conta de tudo, que realiza diversas atividades ao mesmo tempo, imagino o quanto está cansada. Imagino e me identifico. Ficamos destruídas e desorientadas, não conseguimos compreender qual é o nosso lugar no mundo, pois precisamos ocupar o mundo o todo.
O discurso que enfatiza a luta e a dedicação eterna para conquistar os objetivos é injusto, desumano e cruel, porque para determinadas pessoas, a única opção é ser forte. Mas não deveria ser assim. Dentro de cada mulher existem muitas; profissionais, donas de casa, esposas, mães, filhas, estudantes, empreendedoras, vaidosas e também cuidadosas. Sim, pois ainda precisamos “dar conta” de mantermos uma ótima aparência, sempre!
Em seu consultório de psicologia clínica |
A mulher precisa mesmo ser uma Deusa Multifuncional que anula seus próprios interesses para acatar um padrão irreal imposto sobre nós? Como esse perfil multitarefa tem impactado a nossa saúde? Somos multitarefa, responsável, comprometida, mas também somos seres humanos e tudo precisa tem limite.
O corpo físico e a mente são totalmente interligados e com a rotina atribulada das mulheres modernas, tudo isso fica bastante comprometido. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada dez mulheres, seis morrem de infarto, principalmente após a menopausa. Esse dado indica que as doenças cardiovasculares são o inimigo número um das mulheres. Por isto, é extremamente importante aprender a estabelecer limites para não adoecer e/ou até morrer.
Precisamos questionar esse lugar da sobrecarga da mulher e esta imposição em dar conta de tudo. Mulheres sobrecarregadas que, normalmente são chamadas de guerreiras, quando não aguentam mais, são chamadas de surtadas. O cansaço não é sua fraqueza, é seu corpo sinalizando o que sua alma está precisando. Não somos apenas guerreiras, estamos sobrecarregadas e poucos se dispõem a ajudar.
Mas como lidar com essa cobrança pessoal e social?
Ser Mãe da Manuela é uma das felicidades da vida de Daniela |
Ficamos sobrecarregadas porque queremos ser perfeitos, mas não somos e está tudo bem. Tentar dar conta de tudo é supervalorizado, mas é o ideal na mesma proporção que é irreal. Desta forma, selecione prioridades, foque no que dá pra fazer, varra o resto para debaixo do tapete, retire umas coisas e esconda outras. Nosso tapete nunca fica vazio. Um eterno varre, esconde, esvazia e varre de novo.
Equacionar as demandas pessoais, profissionais, maternas, matrimoniais e acadêmicas em 24 horas é conflitante e desafiador. Por isto, aprenda quais são suas limitações. Cada mulher tem o seu ritmo e sua produção. Não se compare a ninguém. Tentar balancear, aceitando que nem sempre vai ser possível abraçar tudo ao mesmo tempo e lutar para não se culpar ou se autosabotar, é fundamental para manter sua saúde mental em dia.
Precisamos aceitar nossas vulnerabilidades , precisamos saber pedir colo. O antídoto desta vulnerabilidade está no compartilhamento das dores, nas das trocas de vivências, experiências e acolhimento do outro. Seja um exemplo de coragem para aceitar a própria imperfeição. Peça apoio dos amigos e família, delegue um pouco de função, permita-se descansar, relaxar e não ser produtiva todos os dias. Ninguém é. Procure algo que faça preencher seu potinho de energia de amor próprio e prazer pela vida.
Ser mulher é um ato de coragem e eu quero dar voz a cada uma das que carrego dentro de mim. Dói reconhecer limites, mas dói ainda mais desrespeitá-los. Eu não sou guerreira. Sou uma mulher. Sou um ser humano, iguais a milhares a minha volta. Estamos no mesmo barco e precisamos nos ajudar mais. Cuide-se melhor e sinta-se acolhida e abraçada por mim. Eu entendo a sua luta!
Queriam que ela fosse do lar, mas ela era do ler, com essa liberdade, ela era de onde quisesse ser – Allê barbosa
* Artigo escrito por Daniela Viegas da S. Sorrentino. Psicóloga do Caps de Itaocara, Psicóloga Clínica formada há 10 anos, com Especialização em Psicologia Jurídica, Perita do TJ/RJ e Assistente Técnica Judicial-, Filha da Márcia Viégas, mãe solo da Manuela Viégas, amiga, namorada, contínua estudante e dona de casa!
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