Uma é Dentista e
a outra Farmacêutica Bioquímica. Duas mulheres independentes e muito bem
resolvidas. Ambas apontam na Educação, Familiar e Escolar, como o grande espaço
e a principal ferramenta, para construirmos uma sociedade livre de
preconceitos. Leia abaixo a entrevista com as irmãs Renata e Luciani Peruchi Richard.
Luciani, Lúcia e Renata, três grandes mulheres da nossa Itaocara |
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– Quais os principais desafios das mulheres na atualidade?
Renata – Mesmo com tantas
conquistas, em pleno século XXI, as mulheres ainda sofrem com uma sociedade
machista e conservadora. Continua difícil conquistar nosso espaço em grandes
empresas, cargos políticos e até mesmo no ambiente familiar. Algumas pessoas,
principalmente as mais antigas, veem o homem como progenitor e a mulher somente
para gerar filhos e cuidar do lar.
Luciani - Essas barreiras
vêm sendo vencidas ao longo do tempo e a tendência é que no futuro, que
esperamos próximo, sejamos vistas como seres humanos apenas, sem distinção de
sexo, de gênero ou qualquer outra.
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- Vocês saíram, estudaram, se formaram, se tornaram profissionais de sucesso.
Que importância tem, para que as mulheres possam ser livres e independentes,
ingressar na faculdade e ter uma profissão?
Renata – Não há dúvida,
de que o conhecimento, a escolaridade e o aprendizado, são fundamentais para
que nós, mulheres, possamos conquistar espaço e respeito. Para os homens
também. Estamos num século em que o conhecimento é básico para a felicidade.
Luciani – A Renata tem
toda razão. Vivemos num país no qual o índice de analfabetismo continua
altíssimo. Não teremos o Brasil que queremos, sem que as pessoas tenham acesso
a Educação. Homens e mulheres devem concluir o Segundo Grau, fazer um Curso
Técnico ou graduar-se na Faculdade. Só a melhoria do nível educacional nos
permite alçar voos com segurança e independência.
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- Um infame ditado diz: MULHER NO VOLANTE, PERIGO CONSTANTE. No entanto, as
companhias de seguro, costumam cobrar prêmios menores para as mulheres, pois,
ESTATISTICAMENTE FALANDO, o número de mulheres que se envolvem em acidentes, é
MUITO MENOR, do que o número de homens. E ai vem à pergunta difícil: como
vencer o preconceito?
Renata – Não é fácil
derrubar o preconceito. Mesmo que as mulheres, como você falou,
estatisticamente, se envolvam menos em acidentes, tem gente que continua
achando que por ser mulher, dirigimos pior do que os homens. É fruto da ignorância,
de gente teimosa e atrasada. Creio que quanto mais homens e mulheres estudarem
e melhorarem o nível educacional, mais vamos ter pessoas com menos preconceito.
Luciani – Do meu ponto de
vista, creio que sejamos mais cuidadosas e atentas. Faz parte do perfil
feminino. Mas precisamos, sem dúvidas, de boa educação. E ai, não falo somente
a educação escolar, reconhecendo que a educação escolar e acadêmica é muito
importante. Mas educação humanística, que nos ensine a respeitar a todos. Só
assim, iremos vencer os preconceitos.
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- Acham que as famílias de pessoas mais jovens, estão educando seus filhos, com
menos preconceitos? E que importância tem, o Pai e a Mãe, criarem os filhos,
demonstrando que não faz sentido discriminar por qualquer motivo?
Renata – Espero que sim.
Mas, ao mesmo tempo em que vivemos um espantoso progresso tecnológico, com
tantos novos instrumentos, facilitando e fazendo parte do dia a dia, temos cada
vez mais notícia de crianças e adolescentes sofrendo bullying nas escolas. É um
paradoxo. Como se conseguíssemos evoluir na técnica, mas continuássemos tão mesquinhos,
na humanidade. O que leva crianças e adolescentes a perseguir seus próprios
colegas, discriminando por vários fatores? Os educadores e psicólogos precisam
estudar e nos responder essa questão.
Luciani – Reflito que a
criança termina repetindo o que ouve dentro de casa. Os adultos devem se
esforçar para melhorar. Deve ser dos adultos o exemplo de respeito ao próximo,
não importa quem seja esse próximo. Crianças que ouvem seus modelos, serem
violentos, preconceituosos, dizendo que algo se resolve na base da força e da
violência, vão agir com outras crianças deste modo. Teremos então tantas
tragédias, como as que aconteceram recentemente pelo país e em outros países
também.
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- Muitas vezes vemos mulheres sendo preconceituosas contra mulheres. Esse tipo
de preconceito é o mais difícil de entender e enfrentar?
Renata – Imagina: uma
mulher que diz que ‘mulher no volante, perigo constante’. Como compreender
isto? E é bastante comum ouvirmos isso e outras coisas terríveis vindas de outras
mulheres. O pensamento retrógrado e conservador, que as mulheres precisam
seguir e obedecer aos homens, mesmo em pleno século XXI continua existindo.
Luciani – Como consequência,
todos os dias, temos notícias dos crimes de feminicídio. Mulheres assassinadas
pelos próprios companheiros. E algumas pessoas, homens e mulheres, acreditam que
mereceram. No mínimo é revoltante. Ninguém merece apanhar, ser estuprada e
assassinada. Pessoas, não importam questões da individualidade, merecem
respeito.
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- A mãe de vocês, Lúcia, sempre foi corajosa e decisiva. Um ser humano de muita
disposição. Como ela influenciou e influência vocês, a enfrentarem os desafios
inerentes à vida?
Renata – Quem conhece
nossa Mãe, sabe que é uma mulher forte e corajosa. Que não manda recado. Que
resolve as coisas. Ela não nos criou para miar, mas sim para rugir. Quando
precisamos, sabemos também bater o pé. Cara feia não nos põe medo.
Luciani – Pelo jeito dela,
sempre nos educou de forma independente. Aprendemos a nos virar sozinhas. Sendo
que quando decidimos algo, até hoje, ela nos cobra que realizemos.
Renata – Somos independentes
desde nova. Nos viramos sozinhas. Sabemos que ela e nosso pai estão ali, para
nos proteger, se for necessário. Mas o que eles querem é que façamos sem eles.
Pois é assim que nos tornamos fortes e capazes de ser felizes.
Luciani – Saímos de casa,
os três. Estudamos, nos formamos e hoje somos profissionais e adultos
produtivos. Eu e o Giovaninho, trabalhamos com meu Pai no Laboratório HEME. E a
Renata é uma das melhores dentistas da região. Tudo isto fruto do pensamento
dos nossos pais, que filho se cria para o Mundo. E que devemos respeitar os
outros e sermos os melhores que pudermos, quer na vida profissional, quer na
vida pessoal.
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- Poderiam deixar uma mensagem para as Mulheres, neste mês de MARÇO, que é
dedicado a vocês?
Renata – Fundamental é
não desistir de ser feliz e de conquistar o próprio espaço. Apesar dos muitos
desafios, vale a pena lutar e crescer. Os preconceitos, no final, talvez seja
motivo de fortalecimento. Temos que fazer mais e melhor. Então, meninas, se
respeitem, exijam respeito e conquistem o que quiserem, é o que eu diria.
Luciani – As conquistas
são alcançadas através das nossas atitudes. Estas atitudes que nos fazem
fortes. Fundamental ter determinação. Não se iludir, como às vezes vejo
acontecer. Nós, mulheres, somos
guerreiras maravilhosas. Afinal de contas, é muito melhor RUGIR do que miar.
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