Eu e minha mãezinha Irenice, no meu programa de rádio, na 87 FM |
Pela
primeira vez estarei passando meu aniversário sem minha Mãe. Nunca fui fã de
aniversário. Minhas fotos de criança, no dia do aniversário são olhando pra
cima, tentando fugir de tudo aquilo. ISSO MESMO: já era chato em criança ...
risos. Só quando a Cris nasceu que minha mãe passou a ter uma criança que
gostava das coisas que a maioria gosta.
Lembro-me
bem da minha Mãe costurando, e eu sentando ao lado dela, brincando com os
carretéis ou com a agulha de enfiar fita. Ficávamos conversando e conversando. A
Cris ainda não tinha nascido. Eu era muito solitário. Felizmente a Cris surgiu,
para ser minha amiga e companheira.
Me
alfabetizei muito cedo. Graça a minha Mãe. Hoje completo 53 anos. Significa que
sou de um tempo, que as mães liam livros de história para os filhos. Bem
distante dessa época de App para tudo. Coitada da minha Mãe, pois outra coisa
que sou desde criança, é curioso. Por mim, a única coisa que ela faria, era
ficar lendo, o dia todo, histórias para eu ouvir.
Por
isso, usando sua sabedoria de Mãe, me disse: "a partir de agora, não leio
mais nada pra você. Terá que aprender a ler. Então lhe comprarei os livros que
quiser, para ler até enjoar". Eu tinha uns cinco anos quando comecei a ler
os primeiros livros. Viajava na imaginação. As crianças de hoje já tem tudo
mastigado, em vídeo. Na época, quando o cavaleiro enfrentava o monstro, em cima
do cavalo, era necessário imaginar o cavaleiro, em sua armadura, cavalgando
bravamente, para liquidar o monstro. Graças a isso, entendo quando Einstein
escreveu que a imaginação é mais importante do que a inteligência. Minha
geração é muito imaginativa.
Quando
minha Mãe se separou do meu pai e veio para Itaocara, logo passamos a dividir
as responsabilidades da vida, como as despesas da casa; e também a criação da
Cristiane. Muitas vezes quebrei a cara, pensando que as coisas funcionariam,
mas não funcionaram. Minha mãe estava do meu lado, para me consolar. E quando funcionava, ela
sentia grande orgulho. Os primeiros clientes do jornal vieram graças a minha
Mãe. O meu mais antigo anunciante, é a Loja do Carlinhos Ferraz e da Carmem
Ferraz. Muitos anos se passaram, até que eu me tornasse amigo próximo deles,
como sou hoje. Eles vieram anunciar no jornal, por causa da amizade e do
trabalho da minha Mãe. (MUITO OBRIGADO PELO CARINHO).
As
vitórias da minha irmã, eu dividi com minha Mãe. No dia em que a Cris se formou
na UFF, eu e minha Mãe estávamos lado a lado, sorrindo de orelha a orelha, sem
conter o orgulho e a alegria. Este sentimento só foi superado anos depois.
Quando de novo, juntos, eu e minha Mãe ouvimos pela primeira vez a voz da mais
nova membro da família: o choro de nascimento da Giovanna Thompson.
Minha Mãe muito FELIZ ao lado da Cris e da Giovanna |
Não se
preocupem. Não estou triste. Estou com saudades. É bem diferente. Nos últimos
anos, minha Mãe dizia que estava nos dando muito trabalho. Eu respondia que era
um privilégio, devolver um tiquinho de tanto que ela fez por mim e pela Cris.
Lógico que gostaria muito de receber um beijo dela, no dia de hoje. Mas durante
muitos e muitos anos, praticamente TODOS OS DIAS, eu pude dizer: MAMÃE, EU TE
AMO. Pude ser o grande amigo da minha Mãe. Isso tranquiliza meu coração.
Como
praticamente do budismo faz 37 anos, tenho certeza que minha Mãe fez causas
maravilhosamente positivas nesta existência. Acredito que já renasceu em alguma
parte do Universo. Bem provável num mundo bem melhor do que o nosso. Onde as
pessoas sejam tão generosas, quanto a minha Mãe. Que não tenham ódio no
coração, como minha Mãe nunca teve. Especialmente num lugar onde possa fazer o
que mais gostava: ajudar os outros, mesmo os que não merecem, pois estes são os
que mais precisam de ajuda.
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