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sábado, 30 de março de 2019

Auristela Araújo fala sobre os Vinte Anos como Guarda Municipal de Rio das Ostras


Mãe de dois filhos, recém-separada, Auristela Araújo se viu na necessidade de ter um emprego fixo e estável. Decidiu fazer a inscrição para ser Telefonista da Prefeitura de Rio das Ostras. Mas na fila, soube que estava sendo criada a Guarda Municipal. Como o número de vagas era maior, resolveu prestar concurso para a Guarda. Passou, treinou, foi efetivada e está faz Vinte Anos envergando a farda, com máximo orgulho e felicidade. 
A Guarda Municipal de Rio das Ostras, Auristela Araújo
Nova Voz On Line – Sempre quis trabalhar numa corporação militar, como a Guarda Municipal?
Auristela Araújo - Meu sonho era me formar Contadora, como a minha mãe, e trabalhar na área. Minha Mãe sempre foi um grande exemplo a ser seguido. Mulher maravilhosa. Então, queria ser igual a ela, inclusive na profissão. Mas a vida me levou para outro caminho.

Nova Voz On Line - Como surgiu a Guarda Municipal de Rio das Ostras em sua vida?
Auristela Araújo - Sai do Rio de Janeiro recém-separada. Já era mãe do Igor, que hoje faz faculdade de história; e da Marcela, minha filha que agora já está formada, em administração, e é casada. Mas, naquela época, ambos eram bem pequenos. Para criá-los, precisava trabalhar em algo fixo. Foi quando soube do concurso de Rio das Ostras. Eu morava em Conceição de Macabu. Na verdade, fui fazer a inscrição para telefonista da Prefeitura. Lembrando agora, parece incrível, pois mudei de ideia em cima da hora. Já estava na fila, quando percebi que o número de vagas era maior ao cargo de GUARDA. Foi a melhor coisa que fiz. Não consigo me imaginar trabalhando sentada, atendendo telefone. Nada contra quem é telefonista. Só não é o meu perfil. Amo o que faço. Sou uma das fundadoras da Guarda Municipal de Rio das Ostras.
Auristela com o filho Igor, no casamento da filha Marcela
Nova Voz On Line – No processo seletivo e depois, no treinamento, ouviu alguém dizer algo como: “vai ser Guarda?”? Como reagiu?
Auristela AraújoMulheres que ocupam espaços considerados masculinos, sempre vão ouvir alguma coisa. Tive uma prima que me perguntou se eu não tinha vergonha de usar farda e ficar trabalhando no trânsito. Ri e respondi que pelo contrário: SENTIA-ME PODEROSA (risos). Falando sério, dentro da corporação aprendemos muita coisa. O trânsito é apenas um dos braços da Guarda Municipal. Todos passam primeiramente pelo trânsito e pela Guarda de Patrimônio. Na época, o transito de Rio das Ostras utilizava cones. O trabalho era infernal. O Major Santos e o Tenente De Paula ocupavam os cargos de Secretario e Sub Secretário e nos davam todos os aparatos necessários para realizar um bom trabalho, independente de sermos homens ou mulheres.

Nova Voz On Line - Pode nos contar alguma experiência curiosa, que enfrentou trabalhando, que tenha relação ao fato de ser mulher?
Auristela Araújo – Hoje chega a ser engraçado. Mas anos depois de estar na Guarda, numa época de troca de governo, sofri muito e fiquei indignada com essa história. Houve uma mudança estrutural e a Diretoria que eu fazia parte, ganhou dois departamentos. O correto seria eu ser uma das chefes, já que, por ordem de matrícula, a minha era a mais antiga. E eu tinha qualificação. Pois bem, não fui promovida pelo fato de eu ser mulher. Eu fazia o mesmo trabalho que os homens, alcançava os mesmos objetivos, mas não podia comandar. Ofereceram-me outra chefia, noutro setor e não aceitei, porque gostava de onde estava. Isso me marca até hoje.

Nova Voz On Line – No geral, são os homens ou as mulheres que demonstraram mais preconceito, com você, no exercício da sua função?
Auristela Araújo - São os homens. O machismo ainda é algo natural entre os homens. Por isso fundamental nos fazermos respeitar pela postura e pela farda que usamos. Se for preciso, chamamos reforços. Mas a mulherada da Guarda Municipal de Rio das Ostras da conta do recado. Mostramos aos homens que ali não é uma questão de ser homem ou mulher, mas sim de estar fazendo um serviço com seriedade e profissionalismo.
Femininas e Competentes, as Guardas Municipais de Rio das Ostras, Gil, Auristela e Mônica, se Destacam pelo Alto Grau de Profissionalismo
Nova Voz On Line – Tem gente que acha que ser Guarda, ser Policial ou outra profissão do tipo, tira a feminilidade da mulher. O que diria a essas pessoas?
Auristela Araújo - Diria que a mulher fardada chama muito mais a atenção. Junto com a farda, damos nosso toque feminino. Uma maquiagem, por exemplo. Somos notadas pelo poder da farda, agregada a feminilidade de cada uma de nós. Somos mulheres. Mas não somos frágeis, no exercício da profissão.

Nova Voz On Line – Quando atende algum caso, relacionado à violência contra mulher, muitas vezes praticado pelo companheiro, como se sente?
Auristela Araújo – Não é fácil. Necessário ser profissional. Tomar as medidas necessárias para resolvermos a situação. Mas muitas vezes passa pela nossa cabeça a pergunta: o que faz um homem chegar a esse ponto? E o que permite uma mulher passar por isso? No momento faço meu trabalho na melhor forma possível. Jamais levo trabalho para casa. Já vi muita coisa triste: abandono, alcoolismo, homicídio, agressão sexual, acidentes de trânsito e muitas outras coisas, envolvendo homens e mulheres.

Nova Voz On Line – Depois de tanto tempo na Guarda Municipal de Rio das Ostras, olhando para trás, foi uma boa decisão ter ingressado nessa corporação?
Auristela Araújo – São 20 anos de muitas histórias para contar. Tenho orgulho da minha vida profissional. De estar na construção de uma pequena Guarda, que se transformou ao longo dos anos, e hoje é um importante componente da Secretaria Municipal de Segurança Pública de Rio das Ostras. O Secretário Carvalhão tem muita experiência. Tem mostrando que estamos trabalhando com seriedade, por uma Rio das Ostras mais segura, para o morador e para o turista. Um filme passa a minha frente, ao sentar para responder essas questões. Estou me graduando em Segurança Pública. Tenho muito trabalho a fazer. Mas temos que ter em mente que a Segurança precisa estar aliada ao Esporte, Educação e Cultura. Para funcionar, não há como isolar nenhum desses componentes.

Nova Voz On Line – Como Mulher, Mãe e Guarda Municipal, que mensagem deixaria aos leitores da Nova Voz On Line?
Auristela Araújo - Ser mulher é uma benção. Gerar um filho é algo inexplicável. Hoje vivemos em um mundo, que graças ao esforço de muitas mulheres, tivemos grandes avanços. Mas ainda falta equiparação salarial, falta o respeito por parte de muitos homens, que ainda pensam que a mulher é sua propriedade. Acredito que o futuro está na união harmoniosa entre homens e mulheres. A mulher pode tudo e sempre poderá, pois não somos o sexo frágil. Se chorarmos, tenho certeza que grandes homens, homens de verdade, também choram. Agradeço a todos os Comandos que passaram pela Guarda Municipal, por terem sempre buscando, dentro de sua visão, o melhor para nós. Tenho orgulho da farda que visto, tenho muito carinho pelos meus colegas de trabalho. Muito obrigado a todos!

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3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Parabéns, Istelinha! Você é um exemplo! É uma mulher incrível, um ser humano ímpar! Sua profissão é linda e fazer o que ama é maravilhoso!

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  3. Parabéns, querida Estela!!! Que bacana sua história!!! Orgulho estarmos tão bem representadas em tão importante profissão!!! Que Deus te inspire e te abençoe infinitamente em seu trabalho e na sua vida!!!

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