O Dia Internacional da Mulher não deveria
ser sobre distribuir flores e champanhe na porta do shopping, ou sobre
namorados e maridos apaixonados importarem-se em comprar um bombom, porque você
é a mulher mais perfeita do mundo.
Nunca entendi porque na primeira semana de
março a mulher ganha contorno de santa. Não quero ser santa, não quero status
de beleza inatingível ou bondade suprema por oito dias no ano. Não quero
celebrar a versão romantizada da psique feminina, como da Ismália que
enlouqueceu, da Capitu de olhos de cigana oblíqua ou da Iracema de cabelos
negros como asa de Graúna. Mas sim homenagear a mulher real, que se frustra,
que comete infração no trânsito, que tenta algo novo no cabelo, se arrepende e
põe a culpa no cabeleireiro, aquela que tem reuniões infernais, que ouve
piadinhas sem graça, que se refaz.
O dia 08 de março nunca foi sobre a
fragilidade feminina, ou sobre a delicadeza e a suavidade, mas sobre a
tenacidade que levou a milhares de mulheres às ruas, em busca de condições
trabalhistas justas, direito ao voto, direito a um lugar na sociedade maior e
mais significativo que meros adereços vivos. A semana da mulher honra a coragem
daquelas que se fizeram ouvir no passado: nós somos relevantes. Graças a elas,
você que lê este texto pode votar, dirigir, escolher sua profissão,
divorciar-se, ou simplesmente dizer à sua filha com segurança: você pode ser o
que quiser, o que sonhar.
É pela minha admiração por estas heroínas
sem feriados, estátuas ou nomes de rua, que eu não quero, motivada pela
vaidade, e ensoberbecer com as homenagens emotivas das campanhas de cosméticos,
me deixarem cativar por lisonjas masculinas sobre a curva do meu sorriso.
Por elas, e por mim, darei voz esta semana
à minha identidade como mulher: ativa no mercado de trabalho, mãe, esposa,
leitora, consumidora de livros, sapatos, chocolate (nem sempre nesta ordem).
Sou salto 15, sendo a diva que você quer copiar, mas também um pé de boi,
quando o trabalho me chama, e às vezes sou uma condessa falida e descalça, sou
Dandara, Leila Diniz, Zuzu Angel, Zilda Arns e também, porque não? Sou Marielle
Franco.
Esse poder de escolher quem eu quero ser
nesse mundo, desse empoderamento de nossa personalidade, com toda sua
complexidade, feminilidade e ainda assim, força, é de que se trata a semana da
mulher. A lembrança de que enquanto tivermos voz, haverá ouvidos e esperança de
mudança, mesmo que elas não venham a tempo de serem testemunhadas por nossos
olhos.
A semana da mulher é sobre aquelas que
lutaram, foram presas, excluídas e exiladas pelo sufrágio feminino, suas vozes
foram ouvidas e nossos olhos testemunham mulheres em alta patentes políticas,
errando ou acertando, tal quais os homens. Porque muitas modelos, atrizes e
artistas não se importaram serem tachadas de prostituas, é que hoje mulheres
ligadas à arte constroem grandes carreiras. Porque Pagu, Bertha Lutz abriram
caminho falando sobre a sexualidade feminina, você pode ler 50 Tons de Cinza
dentro do metrô. Porque Maria da Penha, não se calou diante da última surra,
hoje temos uma lei que protege a mulher da violência doméstica. E tantos outros
exemplos...
Mulheres fortes, firmes, decididas. Em
homenagem a elas, se quiser agradar, me dê um cacto. Uma planta forte, que
sobrevive em ambientes áridos, como eu, como você, como todas as mulheres que
ousaram descobrir-se.
Este texto está sendo publicado, como contribuição da nossa Leitora, Aline Vieira, uma mulher de grande destaque, como profissional, mãe e cidadã, no nosso Município.
Ao tomar conhecimento da nossa série, publicada neste mês de março, em homenagem às mulheres e ler o texto da escritora Day Ribeiro, não teve dúvidas na importância de refletirmos sobre estas palavras.
Muito obrigado Aline e parabéns Day Ribeiro, pela riqueza e conteúdo de suas ideias.
Ao tomar conhecimento da nossa série, publicada neste mês de março, em homenagem às mulheres e ler o texto da escritora Day Ribeiro, não teve dúvidas na importância de refletirmos sobre estas palavras.
Muito obrigado Aline e parabéns Day Ribeiro, pela riqueza e conteúdo de suas ideias.
0 comentários:
Postar um comentário