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sábado, 9 de março de 2019

Danielle Júlio destaca o quanto as mulheres precisaram se superar para ultrapassar os preconceitos


A Professora Danielle Júlio Teixeira, que leciona no Colégio Múltiplos, no Frei Tomás e é uma das Diretoras do SEPE Itaocara, destaca abaixo que foi necessária muita coragem às mulheres para superar uma série de convenções sociais e conquistar espaço no Mundo. Ela tem esperança que a nova geração de jovens possa aprender a respeitar as diferenças, criando um ambiente de paz entre os seres humanos, independente das suas individualidades.
A professora Danielle com as filhas filhas Luíza e Sofia
Nova Voz On Line – De forma geral, que balanço faz, pensando no seu tempo de vida, sobre as conquistas das mulheres, em meio à sociedade?
Danielle Júlio - Historicamente, a mulher foi subordinada ao poder masculino, tendo, basicamente, a responsabilidade nas atividades referentes ao lar. Um processo de lutas por direitos ao longo dos anos estão sendo travadas na sociedade. A minha geração pôde vivenciar, aqui no Brasil, a criação de delegacias voltadas para crimes contra as mulheres e, também, a vitória com a Lei Maria da Penha, que pune os homens onde as mulheres sofrem as maiores atrocidades: em seus lares.

Nova Voz On Line – A partir da sua formação acadêmica pode explicar aos nossos leitores, se as mulheres, ao longo de toda história humana, sempre tiveram papel secundário, ou isso é recente, em termos históricos – especialmente a partir da Revolução Industrial?
Danielle Júlio - A minha formação acadêmica me leva a um instinto investigativo. Sempre procuro ter base para expor meus pensamentos. E é “interessante” ver que as mulheres, sempre tiveram um papel secundário e, às vezes até coagido, sendo apenas enfeites dentro da casa do seu “senhor”.

Nova Voz On Line – Quais as consequências disto?
Danielle Júlio - Esta compreensão acorrentou, culturalmente, a mulher moldando sua existência conforme as possibilidades apresentadas. Porém, com a advento da Revolução Industrial, as duas Guerras Mundiais e os avanços científicos e tecnológicos, surge o espaço para a mulher, principalmente, porque o trabalho da mulher foi essencial para o sustento do lar.

Nova Voz On Line – Tinham um papel social definido?
Danielle Júlio – Sim, contudo não podemos esquecer grandes mulheres da História, que ultrapassaram as barreiras das convenções sociais de sua época e de seu tempo, se tornando exemplos até os dias de hoje. Gostaria de citar Cleópatra, Rainha Estrategista, com alto nível de instrução e poder de persuasão; Joana D’arc, de origem pobre, heroína na Guerra dos Cem Anos. Foi mártir e canonizada em 1920; a Rainha Elizabeth I, chamada pelos historiadores de Rainha Virgem, que levou a Inglaterra a um apogeu econômico no séc. XVI. No Brasil, tivemos Maria Quitéria, que vestida de homem, lutou pela Independência do Brasil e a lendária Anita Garibaldi, que ao lado do seu marido, lutou em Farroupilhas e depois na Europa, contra a invasão da Itália pelo Império Austro-Húngaro. Pessoas realmente extraordinárias que não foram detidas pelos preconceitos da época.

Nova Voz On Line – Muita gente critica o feminismo. Mas concorda que ele teve papel importante e ajudou muito a criar uma nova consciência em relação às mulheres?
Danielle Júlio - As mulheres foram vistas como apêndice masculino por muito tempo, sempre de forma inferior. O feminismo vem lutar para provar que homens e mulheres merecem direitos iguais. Por volta da década de 40, o feminismo dá seus primeiros passos e, com isso, passa a se pensar na possibilidade de um futuro diferente, se comparado a milênios de inferiorizarão, submissão e desqualificação.

Nova Voz On Line – Por que mulheres empoderadas intimidam, não só os homens, mas também outras mulheres?
Danielle Júlio – Curioso é que fui criada num lar conservador e machista. Porém, o patriarca (meu pai) sempre nos ensinou o valor do trabalho, para que fossemos, do ponto de vista financeiro, independente dos nossos cônjuges.

Nova Voz On Line – Interessante.
Danielle Júlio – E é verdade, isso assusta o sexo masculino. A mulher que luta, que sai cedo, que ajuda ou sustenta a casa, as mulheres que conhecem e reconhecem o seu valor, talvez gerem nos homens medo de perder o controle. Talvez a nova geração perceba que amor não tem relação com controlar.

Nova Voz On Line – Mas e as mulheres que também se opõe ao feminismo?
Danielle Júlio – Elas são frutos da cultura patriarcal decadente, que vive seus últimos suspiros, em minha opinião. Existe uma explicação histórica de submissão, sem contar que muitas lutas esbarram em questões religiosas. Mas gostaria de deixar claro que ser feminista, não é lutar por promiscuidade e libertinagem. Cada uma tem sua visão e suas lutas. No geral, ser feminista é somente saber seu papel na sociedade e lutar por ele. Saber seu lugar de pertencimento e igualdade.

Nova Voz On Line – Como professora, ao analisar o universo dos seus alunos, acha que a geração mais jovem, vai construir uma sociedade de respeito e igualdade, entre os indivíduos, transcendendo suas diferenças?
Danielle Júlio – Tenho esperanças neste sentido. Não apenas entre homens e mulheres, mas entre raças, religiões e sexualidade e etc. Estamos vivenciando um caos social, onde o ódio e o retrocesso nos invadiram. Mas creio que esta geração de jovens tem tudo para mostrar que podemos viver em harmonia.

Nova Voz On Line – A educação acadêmica tem que papel no empoderamento da mulher?
Danielle Júlio – A academia é o local que nos alimentamos de conhecimento. Todo aquele que busca com sabedoria e mente aberta, torna-se livre das amarras sociais. E o “empoderamento” é isso: você se reconhecer como agente da sua própria história, não simplesmente ser coadjuvante. Felizmente, nas últimas décadas, houve aumento significativo no número de mulheres em variados campos acadêmico. Essa relação é muito relevante.

Nova Voz On Line – Como mensagem, o que diria para todas as mulheres, neste mês de Março?
Danielle Júlio - Sou uma mulher que muito cedo tive que buscar minha independência. Quis ser livre. Acredito que liberdade é sinônimo de felicidade. Nunca me curvei às adversidades da vida. Nunca permiti que uma oportunidade fosse desperdiçada por medo. Nunca sofri com o machismo diretamente, mas tive que ser dura, muitas vezes. Ser mulher é ter coragem de enfrentar essas escolhas de cabeça erguida, com dignidade e amor ao próximo. A mensagem então para que sejamos corajosas.

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