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quinta-feira, 7 de março de 2019

SER MULHER – Texto: Anna Lucia Nicolau Camara

Anna Lúcia Nicolau Camara com o esposo José Carlos
Folheando algumas páginas da vida, percebo umas amarelecidas pelo tempo, outras ainda em um preto e branco que demarcam uma outra realidade distante, e novas, novíssimas, coloridas, ora expressivas, revelando um casal feliz, o nascimento de um filho, a formação de um núcleo familiar, e ora (e tão frequentes agora), em manchetes de intolerância pelo desrespeito, pela falta de amor uns com os outros, e de um homem por uma mulher!

E a manchete hoje, também, e ainda hoje, é ela: a mulher - referência de épocas, conceitos e preconceitos! Através dela, novas gerações se formam, enquanto a deformidade de uma sociedade corrompida pelo desequilíbrio psicológico e trágico, traz às manchetes tantas e tantas torturas, tirando vidas, dissipando sonhos e esperanças, banalizando crenças em atitudes insanas. E a busca continua em uma luta por aliados pelo direito simples do coexistir: respeitadas por igual, independentes em suas escolhas, e não banalizadas a um simples arrastar de desigualdades, que se aproveitam de sua fragilidade em momentos de amor inconsequente ou pura e simplesmente, por torpes e vândalos motivos. O homem está em desesperada decrepitude em sua incompetência, em conter seus vícios, seus assédios, sua incapacidade, enfim de tolerância e respeito a si mesmo, desestimulando de tal forma o respeito pelo outro.

E por baixo de ternos e gravatas em ambientes de trabalho, furtivos pelas ruas, em uma casa simples ou em uma mansão, são ainda agentes de atos de covardia, transformando semblantes em painéis roxos de tortura, ou acabando com vidas por ousarem opinar, definir, escolher seus caminhos... A ousadia por ser MULHER!!!

Assim, a senhora que cuida de seus afazeres no campo, a jovem que sai para o trabalho, a estudante que caminha para a escola, não são meras presas sob olhares de loucos e desvairados, que se jogam em seus caminhos. São pessoas, são mulheres, que já não caminham tranquilas em sua rotina diária, porque o medo caminha com elas, a cada passo, a cada movimento, a cada novo olhar.

Que hoje não apenas tenhamos um dia a mais, escolhido no calendário, mas a lembrança permanente de que  é preciso que nosso grito de alerta ecoe para que mãos se ergam, não para bater, apunhalar, mas para dissipar o mal que nos aflige imensamente: O desrespeito à mulher!

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